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Devagar e sempre!

No dia 13 de fevereiro de 2016, um sábado, eu peguei a estrada descendo por São Paulo até o sul de Minas. Depois estiquei até o interior do Rio.

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"Como um velho boiadeiro levando a boiada,
eu vou tocando os dias pela longa estrada, eu vou. Estrada eu sou"

A ideia foi seguir este roteiro até a cidade de Casa Branca, São Paulo, sempre próximo da divisa com Minas Gerais. depois atravessar a fronteira e finalmente cruzar para o estado do Rio na região do vale do Paraíba.

O nome do tópico veio da incrível velocidade de cruzeiro da CRF250L que é de 80 km/h !!!

No primeiros dois dias eu tive a companhia de um amigo em sua XT660, mas depois segui sozinho até o interior do RJ. Tive um problema mecânico e precisei deixar a moto por lá e voltar de avião. Na semana santa fui buscá-la e voltei para Brasília.

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Aguardando no posto de gasolina

Início

O primeiro dia foi excelente! Tivemos sorte de não pegar nem uma gota de chuva. Em Araguari choveu pouco antes de nós chegarmos.

De manhã foi preciso ficar atento ao GPS para não errar o caminho de Luziânia para Buritizinho e depois Pires do Rio. A estrada estava ótima! Em alguns trechos estávamos a toda velocidade! O que, para minha, moto significa 120 km/h!

Pegamos uma hora de asfalto até Ipameri e voltamos para terra. A estrada ficou um pouco mais travada, mas ainda bem tranquila porque estava seca. Alguns locais parecem ficar bem escorregadios quando chove!

De Goiandira para Anhanguera estava asfaltado, mas o asfalto era 10% vagabundo! Várias crateras! Chegamos no rio Paranaíba e a balsa estava do lado de Minas Gerais. Acho que o rapaz estava esperando chegar mais alguém para poder valer a viagem, pois quando chegou mais um carro ele resolveu vir para o nosso lado e fizemos a travessia.

No último trecho de terra encontramos uma Cascavel atravessando a estrada. Meu amigo ficou doido (ele é biólogo!) e tirou várias fotos da serpente.

Depois rodamos os últimos quilômetros de asfalto até Araguari.

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Cobra cascavel atravessando a estrada

Segundo dia

Depois de um primeiro dia longo que havia sido programado com antecedência, resolvemos explorar a região sem muito compromisso.

Saímos de Araguari por uma estrada de terra que passa próximo à cachoeira das freiras. Uma estrada de fazenda leva à parte de cima da cascata. A altura da queda impressiona!

Em seguida, procuramos um caminho de terra que nos levasse à próxima cidade do roteiro improvisado que era Cascalho Rico. Este trecho não estava no GPS e foi preciso perguntar várias vezes. Inclusive um rapaz de moto nos guiou por alguns quilômetros. Estas serras próximas de represas têm um visual lindo! Chegamos na cidade já na hora do almoço e fizemos uma boquinha no único local aberto.

De lá pra frente as estradas constavam do GPS, o que adiantou bastante pois não faltavam bifurcações. O trecho de serra continuou até próximo de Estrela do Sul onde pegamos um estradão de terra batida. Aqui até os carros andavam em alta velocidade e a poeira bateu recorde!

No trevo da rodovia eu peguei sentido Uberaba enquanto meu amigo foi para Paracatu.

Segui por asfalto passando pela represa de Nova Ponte e resolvi pegar mais um pouco de terra depois da cidade. Adentrei uma plantação de cana-de-açúcar gigante onde a estrada estava bastante batida, mas esburacada. Lá no meio passei pela Usina Uberaba e voltei para o asfalto pouco depois de tirar foto de uma antiga estação de trem da ferrovia mogiana.

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Estação de Itiquapira

Terceiro dia

Saí de Uberaba para o leste na BR262 e logo peguei uma estrada municipal que cortava fazendas para o sul. Segundo o GPS era sem saída, mas ao final me deparei com uma plantação que havia sido colhida e pude visualizar o asfalto.

Logo cheguei no Rio Grande, divisa entre Minas Gerais e São Paulo.

Passei por algumas cidades e, num ponto onde o GPS mandava dar uma grande volta, perguntei se não havia um caminho por estrada de terra para Capivari da Mata. Peguei informações num posto de gasolina e consegui achar um atalho para essa pequena vila. De lá fui para a cidade de Ituverava onde almocei um prato feito bem caprichado!

Segui em direção a Franca. Tentei cortar por nos canaviais, mas estava um labirinto e escorregadio. Voltei para o asfalto e passei pela cidade de Ribeirão Corrente. Fiquei surpreso como a cidadezinha é bem conservada! A estrada até Franca é asfaltada mas com curvas bem divertidas e cercada de plantações de café.

Visitei o Museu Histórico Municipal (entrei com toda a minha vestimenta!) e peguei a rodovia Rio Negro e Solimões em direção a Batatais. No começo era um estradão, mas depois do rio Sapucaí mudou bastante. Começou a ficar estreita, com muitas valas e pedras soltas. O pior é que estava bem deserta. Um grande problema para quem viaja sozinho... Quando encontrei um pessoal em frente a uma chácara peguei dica da saída para o asfalto e "vazei na braquiara"!

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Rodovia Rio Negro e Solimões (SP-336)

16 de fevereiro, quarto dia de viagem

Passei por Cajuru, Santa Rosa de Viterbo e Tambaú. Mudei o rumo de sul para sudeste. Comecei a seguir por estradas que integram o caminho da fé. Passei por Casa Branca e pernoitei em São João da Boa Vista, São Paulo.

No caminho da da fé a pista estava boa, apenas um pouco escorregadia. Só que o GPS me mandou por um caminho de fazenda que era só lama! Depois que eu vi o carro atolado, eu entendi aquilo como um sinal e fiz meia volta!

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Veículo abandonado no lamaçal

Parei de rodar cedo pra fugir da chuva. Só que na hora do lanche ela me pegou e na correria eu deixei minha carteira cair! Não percebi na hora. A lanchonete fica a menos de 20 m do hotel. Em menos de um minuto eu havia aberto a porta do quarto e estava conversando com o Sr. Domingues, recepcionista. Só que a pulga estava coçando atrás da orelha... Voltei no quarto e não achei a carteira! Procurei tudo e não encontrava.

De início eu suspeitei dos hóspedes. Puro preconceito porque o hotel custa apenas R$ 40,00. Depois de conversar com meus vizinhos e voltar na lanchonete eu comecei a reconsiderar a hipótese mais provável que era de eu simplesmente ter perdido no pequeno trajeto.

Cheguei a fazer um saque móvel do Banco do Brasil e perguntar no posto policial que fica em outra praça mais acima na cidade.

Ao voltar para o hotel, um senhor humilde estava devolvendo a carteira que ele havia encontrado ao lado da lanchonete. Ela estava em cima de uma mureta.

Os dois cartões e a CNH estavam dentro, mas não o dinheiro (uns duzentos reais). Eu peguei mais R$ 50,00 do saque móvel e entreguei ao homem que ficou bastante satisfeito. Ele não tem ideia de quanto eu fiquei!

17 de fevereiro, quinto dia

Neste dia eu atravessei de São Paulo para Minas Gerais.

Este primeiro trecho foi tranquilo. Depois que a estrada chega próxima do asfalto e volta para o interior, começaram algumas descidas muito íngremes. A relação de marchas da CRF ajuda bastante, pois a primeira é bem travada.

De Andradas para Ouro Fino, o caminho da fé passa por dois vilarejos. Imaginei que seriam estradas de terra normais que ligam as vilas, mas o caminho seguiu por uma tal estrada do calixto que depois eu soube que nem os peregrinos estão passando nesta época!

Depois do encontro com a peregrinas, eu peguei o pior trecho da viagem! Começou com algumas descidas bem íngremes acrescentadas de várias valas. Em seguida rolou um subida daquelas! O tempo todo de primeira. Por sorte eu passei de uma vez!

Tenso! Lá em cima havia uma pequena queda para se refrescar.

Do segundo povoado até Ouro Fino, eu fui por asfalto!

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"Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino..."

Eu procurei as cidades mais antigas, da época que o interior de Minas e São Paulo era chamado de sertão. Acabei encontrando muitas estações de trem que são de um outro tempo, mas também passado!

18 de fevereiro

Desci a serra da mantiqueira de Itamonte para a Via Dutra. No ponto mais alto bateu 1660 m acima do mar.

A moto acendeu a luz de temperatura do motor e eu tive que desligá-la até resfriar. Liguei novamente e em poucos metros acendeu de novo. Não havia dúvidas de que algo estava errado com o sistema de arrefecimento.

Por sorte eu estava próximo da cidade e foi fácil chegar na oficina. O mecânico observou que não havia nenhuma água nas mangueiras. Ao colocar aditivo no radiador, todo o líquido vazou por um orifício que sai de dentro da bomba d'água. Funciona como um pequeno "ladrão" para casos de vazamento como este. Foi diagnosticado problema no retentor mecânico que impede o óleo de se misturar com a água.

Me lembrei da nossa conversa em Araguari sobre estarmos vulneráveis a eventuais defeitos na motocicleta durante uma viagem. O problema é que a minha moto é super ultra exclusiva e a peça não existe em estoque... Vulgo, me dei mal!

Precisei retornar à Brasília de asa dura porque a peça da moto enviada por Sedex não chegou no tempo previsto. A moto ficou na oficina em Valença.

No dia 23 de março reencontrei minha companheira de grandes aventuras!

Cheguei em Brasília dia 27 de março de 2016. Fiquei um tempo off-line por conta do telefone que pegou umidade durante a chuva de ontem! Agora ele voltou à vida, embora a tela esteja tremendo um pouco...

Brasília, 29 de março de 2016. Editado em 29 de setembro de 2022

PS: o relato original contava com muito mais imagens. Elas podem ser vistas aqui. Este texto foi adaptado de duas fontes originais. Mais detalhes no blog.